quinta-feira, 2 de julho de 2009

Meninas sem futuro

A dramática realidade das crianças e adolescentes prostituídas
Um fato inconteste é que a rede de prostituição infantil no Brasil continua intacta. É como roubar doce de uma criança: fácil e lucrativo. Só que se trata, aqui, de roubar a honra.
A violência sexual contra menores está em toda a parte: dentro de casa, nos garimpos, nas ruas. Sem direito à infância, as meninas são prostituídas, se transformam em atrizes da indústria de filmes pornográficos, sofrem com o abuso sexual doméstico praticado pelos próprios pais ou padrastos. Uma covardia que não respeita limites geográficos ou econômicos.
No Rio de Janeiro, as “Sereias da Atlântica” são as meninas que trabalham nessa área de Copacabana. Muitas são franzinas com hematomas e marcas de queimaduras de cigarro por todo o corpo. No nordeste a prostituição infantil denota extrema degradação moral e em Brasília ocorre, até mesmo nas barbas do poder, em plena luz do dia. Dezenas de meninas fazem ponto perto da rodoviária, no Plano Piloto.
Embora a questão da prostituição infantil possa envolver, no Brasil, numerosas crianças vítimas de uma situação socioeconômica extremamente injusta e desigual, as pesquisas estão demonstrando que a menina até poderia tolerar mais tempo a pobreza e miséria, mas o que ela encontra em casa é a violência de um pai incestuoso e alcoolizado, o abandono e a degradação familiar.
Ela vai, então, para a rua e recebe “carinho” e atenção de um “tio”, que a presenteia com alguma peça de vestuário ou com um lanche por algum “favor sexual”. Ás vezes esse “tio” lhe paga em dinheiro que é usado na despesa de casa, apesar de sua mãe desconhecer a verdadeira origem desse dinheiro. Ela acha que sua filha arrecada tanto dinheiro vendendo umas caixinhas de chicletes. Essa passividade absurda de algumas mães pode ceder lugar a outras que cometem atitudes de extrema degradação social. Ou seja, mães que oferecem filhas menores de idade para “programas” com qualquer estranho que pague alguns reais.

Tristes conseqüências
Assim, as meninas prostituídas passam a apresentar numerosos transtornos orgânicos e psíquicos, como por exemplo baixa auto-estima, fadiga, confusão de identidade, ansiedade generalizada, medo de morrer, furtos, uso de drogas, doenças venéreas, infecções freqüentes do trato urinário, corrimento vaginal e retal, irritação na garganta e atraso do desenvolvimento.
Além da degradação moral de toda a espécie humana, a onda de pedofilia está contribuindo para criar uma geração precoce de portadores do vírus da Aids, já que as crianças, mais frágeis fisicamente, estão propensas a sofrer ferimentos durante o ato, o que facilita a infecção. Some-se a isso a posição de inferioridade que não lhes permite exigir o uso de preservativos pelo parceiro.

Combate ainda tímido
Nos últimos anos, assistimos a uma certa consciência e disposição a reagir ao problema de prostituição dos menores. A cobertura dos meios de comunicação tem sido importante para romper o silêncio. Freqüentemente a primeira relação sexual de uma adolescente prostituta foi com o próprio pai aos 10, 12 ou 17 anos de idade.
A criação do disque denúncia foi importante. Mas o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes precisa ser uma das metas prioritárias do Governo Federal. O trabalho educativo de jovens excluídos para se contrapor ao mercado ilícito das drogas e da exploração sexual de jovens pode ser uma boa opção.
Atualmente, o problema da prostituição infantil vem preocupando os governos no mundo inteiro. Na verdade, o que, até poucos anos, era, apenas, uma tara abominada por qualquer pessoa de bom senso, transformou-se no terceiro mais rentável comércio mundial, atrás apenas da indústria de armas e do narcotráfico. Assim, a prostituição infantil constitui-se numa praga que exige medidas concretas e urgentes. Esta escravidão é inadmissível e incompreensível com a vida num mundo civilizado.

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